Bolívia - Uyuni, 10 de outubro de 2007.
Depois de ter passado a noite com uma amiga suíça, saíamos de um barzinho quando vimos um homem sendo brutalmente assassinado a poucos metros de nós. Não sei se me espantei mais com a cena ou com o fato de já estar acostumado com a violência, pois venho do Rio de Janeiro.
Ao sairmos, havia um homem deitado no chão da rua, se movendo com certa dificuldade. Uma caminhonete passou por ele com as quatro rodas, uma delas pela cabeça, de uma só vez. O carro fazia a volta e se preparava para passar uma vez mais sobre o corpo agora não mais se movia. Olhava para expressão do motorista para buscar o que ele sentia ao matar uma pessoa assim tão brutalmente, mas não vi medo, raiva, remorso ou qualquer coisa que possa fazer desta pessoa um ser humano.
Levei apressadamente Janine, minha amiga suíça, ao bar novamente, para evitar choque maior do que já era e também por medo de perigos maiores para nós dois. 15 minutos depois voltei ao local e não havia mais corpo algum, apenas no chão um boné, muito sangue a um hambúrguer comido pela metade. Se o homem estava comendo hambúrguer, perguntei ao homem da barraca e aos dois clientes o que havia ocorrido, quando fiquei muito espantado ao obter como resposta apenas algo como “que homem? Que carro? Não vi nada!”. Pelo visto a lei do silêncio não é algo exclusivo de nós brasileiros.
Janine não parava de chorar. Era como se ela se sentisse uma princesa vivendo em um mundo protegido chamado Suíça, descobrindo que não era uma princesa e tampouco o mundo era como seu país. Se perguntava como a vida de alguém poderia valer tão pouco, como era possível que nada fosse acontecer com o assassino depois e etc. Muito difícil constatar isso, mas situações como esta e impunidades do tipo são naturais para mim. Fomos para o hotel e mal dormimos, pois ela chorava até o amanhecer, se perguntando quando sairia da Bolívia e quando tiraria a aquelas imagens de sua cabeça.
Eu tampouco consegui dormir, porém não por ter a imagem do assassinato em minha mente. Estou extremamente incomodado por ter essa situação como cotidiana! Não, não posso ter isso como algo tão natural! Me sinto tão desumano quanto quem mata, pois de certa forma posso ter sido conveniente com tudo isso ao decorrer de minha vida, justamente por achar tudo isso normal. Sei que todos aí podem pensar que estou exagerando ou que sou um insensível, porém peço que reflitam para ver se de fato o mesmo não ocorreria com vocês. Se para mim, que sou um pacifista convicto, passou isso, imagine para alguém apenas ligeiramente mais, digamos, enérgico.
Ao sairmos, havia um homem deitado no chão da rua, se movendo com certa dificuldade. Uma caminhonete passou por ele com as quatro rodas, uma delas pela cabeça, de uma só vez. O carro fazia a volta e se preparava para passar uma vez mais sobre o corpo agora não mais se movia. Olhava para expressão do motorista para buscar o que ele sentia ao matar uma pessoa assim tão brutalmente, mas não vi medo, raiva, remorso ou qualquer coisa que possa fazer desta pessoa um ser humano.
Levei apressadamente Janine, minha amiga suíça, ao bar novamente, para evitar choque maior do que já era e também por medo de perigos maiores para nós dois. 15 minutos depois voltei ao local e não havia mais corpo algum, apenas no chão um boné, muito sangue a um hambúrguer comido pela metade. Se o homem estava comendo hambúrguer, perguntei ao homem da barraca e aos dois clientes o que havia ocorrido, quando fiquei muito espantado ao obter como resposta apenas algo como “que homem? Que carro? Não vi nada!”. Pelo visto a lei do silêncio não é algo exclusivo de nós brasileiros.
Janine não parava de chorar. Era como se ela se sentisse uma princesa vivendo em um mundo protegido chamado Suíça, descobrindo que não era uma princesa e tampouco o mundo era como seu país. Se perguntava como a vida de alguém poderia valer tão pouco, como era possível que nada fosse acontecer com o assassino depois e etc. Muito difícil constatar isso, mas situações como esta e impunidades do tipo são naturais para mim. Fomos para o hotel e mal dormimos, pois ela chorava até o amanhecer, se perguntando quando sairia da Bolívia e quando tiraria a aquelas imagens de sua cabeça.
Eu tampouco consegui dormir, porém não por ter a imagem do assassinato em minha mente. Estou extremamente incomodado por ter essa situação como cotidiana! Não, não posso ter isso como algo tão natural! Me sinto tão desumano quanto quem mata, pois de certa forma posso ter sido conveniente com tudo isso ao decorrer de minha vida, justamente por achar tudo isso normal. Sei que todos aí podem pensar que estou exagerando ou que sou um insensível, porém peço que reflitam para ver se de fato o mesmo não ocorreria com vocês. Se para mim, que sou um pacifista convicto, passou isso, imagine para alguém apenas ligeiramente mais, digamos, enérgico.