Bolivia – Oruro, 18 de outubro de 2007.
Em toda minha vida estive atrelado a compromissos cotidianos: Estudar para passar de ano, depois estudar mais para entrar numa boa escola no ensino médio, mais ainda para entrar numa boa faculdade. Após isso, é necessário batalhar por um bom emprego, depois crescer nele pouco a pouco. Depois disso tudo, é necessário pagar o gás, a luz, o aluguel, a vida, tudo.
Pela primeira vez na vida me sinto confortável o suficiente para fazer exatamente o que quero e da forma que bem entender, e nada paga esta formidável sensação de liberdade. As escolhas, bem como as consequências, são todas minhas, o que me dá uma boa sensação de liberdade com responsabilidade. Posso com isso me preocupar apenas em viver a vida intensamente, sem grandes cobranças.
Mais do que o estável, me encanta o incerto; mais do que das metas, gosto dos fatos; mais do que saber com quem estou, prefiro estar bem comigo mesmo. Este é um padrão de vida um pouco louco para muitos, mas sei que todos compreendem que estou bem assim. Se eu pensar desta maneira, o mundo consegue ser para mim ao mesmo tempo o maior e o menor dos lugares.
Sem me dar conta antes, percebo que falo de países como quem fala dos cômodos de sua própria casa, mas não é muita diferente! O mundo agora é minha casa. Redonda, bem espaçosa e repleta de pessoas com quero estar. No final das contas, o mais importante não é exatamente em que cômodo de minha nova casa estou, contanto que esteja exatamente onde quero estar: “Acima de meus sapatos e debaixo de meu chapéu”, como dizia Oscar Wilde.