Mato Grosso do Sul, Aldeia Indígena Cachoeirinha – 05 de setembro de 2007.
Antes de ir para a tribo dos índios, passei algumas horas com os moradores da cidade (Miranda), descobrindo que eles, apesar da proximidade, não conheciam absolutamente nada deles, tendo apenas diversos preconceitos como base - descobri que o racismo com os índios é muito forte por essas bandas. Mesmo assim, fui ver de perto com índio como eles eram, e confesso que fiquei maravilhado e encontrei aqui o melhor ponto da viagem: A tribo Terena de Cachoeirinha!
Os povos Terena são originários do chamado “Chaco Paraguaio”. Eles falam sorrindo, mantém boa parte da própria cultura e recebe muito bem quem os respeita. Antes de mais nada, pedi autorização do cacique para permanecer ali, e ele me ofereceu sua casa para eu dormir e me apresentou a toda a aldeia como “um branco que queria saber da gente deles”.
Os índios de lá já são bastante civilizados. Eles têm posto de saúde, escolas com merenda fornecida pelo governo, orelhões, casas de tijolos e até um computador. Inclusive o cacique é eleito através de voto direto, com um mandato de 4 anos com direito a uma reeleição, como um prefeito mesmo. Mesmo falando e escrevendo normalmente o português, os índios se comunicavam entre si na linguagem ancestral deles, o Aruak.
Infelizmente ainda lhes cabe nas relações de trabalho com o branco a parte mais difícil e explorada. Os índios que não sobrevivem de artesanato, caça ou pesca ficam 70 dias nas lavouras de cana, sem sombra, bebendo água quente e trabalhando mais de 12 horas por dia. Eles dizem que o governo melhorou as condições de trabalho em alguns canaviais, mas somente os que são legalizados (minoria na região).
Passei o dia inteiro conversando com os moradores da aldeia, passando nas escolas, lavouras, casas e cada esquina, ouvindo cada uma das pessoas de diferentes idéias e idades. Confesso que vi muito mais dignidade neles do que em nós, homens brancos. Ganhei sementes de Pau Brasil (será que se eu plantar no Rj nasce?) e um livro didático sobre a história dos povos Terena.
De tanto presenciar as histórias dessa gente, acabei pensando em idéias simples e sem custo algum que ajudariam tremendamente a eles nas áreas de agricultura, educação e cultura. Tirei o dia seguinte para marcar a qualquer custo uma audiência com a prefeita da cidade para expor as minhas soluções, que apresento logo abaixo. A assessora da prefeitura disse que eu teria de marcar audiência com 1 mês de antecedência, mas disse que era um viajante e teria apenas aquele dia para falar com ela, por isso ficaria ali até conseguir 5 minutos de bate papo. Parece que deu certo.
1 – As escolas da aldeia vão até o ensino médio, mas há um grande abismo que ainda separa os índios da universidade. Mesmo com o acesso diferenciado, a bolsa de estudos da Funai demora 3 meses para cair, e os índios não podem se sustentar nas faculdades de tempo integral durante esse tempo, com despesas de moradia e alimentação. Até há um fundo para estas despesas, mas eles correspondem a somente 10% da necessidade dos índios.
- Pombas, já que o índio vai receber a grana retroativa, porque não conceder um empréstimo para quem comprovar que passou no vestibular e recebeu a bolsa da Funai? Seria um empréstimo de apenas 3 meses e com baixíssima taxa de inadimplência, afinal eles têm uma grana certa pra receber, além do que já é provado que a inadimplência diminui conforme o poder aquisitivo diminui também.
A prefeita me disse que pode ser feita uma parceria com a Fundação Bradesco, e o fato da ausência de custos facilitaria a aprovação do projeto. Liguei para o Diretor da escola da aldeia para passar as instruções e cobrar os resultados. Agora é com ele.
2- Os índios receberam tratores e sementes para o plantio, mas desconhecem as melhores técnicas para lidar com a terra, por isso as plantações raramente vingam.
- Me reuni com o secretário de agricultura, dizendo que eles perderiam dinheiro sucessivamente enquanto não mostrasse ao índio as melhores práticas de plantio. Basta mandar para as tribos um profissional da Embrapa para estudar a terra e passar o conhecimento aos índios. Caramba, isso não tem custo algum!!
O secretário assinou um documento se comprometendo a mandar um técnico da Embrapa ao local. Agora o cacique que cuide para fazer com que a promessa se cumpra.
3 – Distância cultural entre brancos e índios.
- Imaginem comigo: Se eu, que fiquei 2 horas conversando com as pessoas da cidade, já ouvi diversos preconceitos que não procediam com a realidade que vi com meus olhos, imaginem como cresce uma criança por lá? Quando indaguei para a prefeita sobre a ausência de trabalhos de integração de culturas, ela me disse que sempre fazia feiras de artesanato e que uma vez até havia mandado as crianças para fazer cerâmica com os índios.
Contive a raiva e disse apenas que assim o problema de integração só aumentaria, pois assim todo mundo vai associas o índio somente a arte e etc, quando eles tem muito mais a oferecer! Se fosse mandado um ônibus da escola para a tribo, as crianças poderiam passar o dia com as crianças da tribo e ouvir o povo de lá. Após isso, não me interessa se as crianças vão ter uma impressão boa ou ruim dos índios. Apenas quero que eles formem opinião com o que eles vêem, como eu fiz.
Fiquei feliz pela possibilidade de ajudar de alguma forma esse povo que me acolheu tão bem! Vou ligar para o cacique ao final da minha viagem para ver se minhas idéias deram algum fruto.
Antes de ir para a tribo dos índios, passei algumas horas com os moradores da cidade (Miranda), descobrindo que eles, apesar da proximidade, não conheciam absolutamente nada deles, tendo apenas diversos preconceitos como base - descobri que o racismo com os índios é muito forte por essas bandas. Mesmo assim, fui ver de perto com índio como eles eram, e confesso que fiquei maravilhado e encontrei aqui o melhor ponto da viagem: A tribo Terena de Cachoeirinha!
Os povos Terena são originários do chamado “Chaco Paraguaio”. Eles falam sorrindo, mantém boa parte da própria cultura e recebe muito bem quem os respeita. Antes de mais nada, pedi autorização do cacique para permanecer ali, e ele me ofereceu sua casa para eu dormir e me apresentou a toda a aldeia como “um branco que queria saber da gente deles”.
Os índios de lá já são bastante civilizados. Eles têm posto de saúde, escolas com merenda fornecida pelo governo, orelhões, casas de tijolos e até um computador. Inclusive o cacique é eleito através de voto direto, com um mandato de 4 anos com direito a uma reeleição, como um prefeito mesmo. Mesmo falando e escrevendo normalmente o português, os índios se comunicavam entre si na linguagem ancestral deles, o Aruak.
Infelizmente ainda lhes cabe nas relações de trabalho com o branco a parte mais difícil e explorada. Os índios que não sobrevivem de artesanato, caça ou pesca ficam 70 dias nas lavouras de cana, sem sombra, bebendo água quente e trabalhando mais de 12 horas por dia. Eles dizem que o governo melhorou as condições de trabalho em alguns canaviais, mas somente os que são legalizados (minoria na região).
Passei o dia inteiro conversando com os moradores da aldeia, passando nas escolas, lavouras, casas e cada esquina, ouvindo cada uma das pessoas de diferentes idéias e idades. Confesso que vi muito mais dignidade neles do que em nós, homens brancos. Ganhei sementes de Pau Brasil (será que se eu plantar no Rj nasce?) e um livro didático sobre a história dos povos Terena.
De tanto presenciar as histórias dessa gente, acabei pensando em idéias simples e sem custo algum que ajudariam tremendamente a eles nas áreas de agricultura, educação e cultura. Tirei o dia seguinte para marcar a qualquer custo uma audiência com a prefeita da cidade para expor as minhas soluções, que apresento logo abaixo. A assessora da prefeitura disse que eu teria de marcar audiência com 1 mês de antecedência, mas disse que era um viajante e teria apenas aquele dia para falar com ela, por isso ficaria ali até conseguir 5 minutos de bate papo. Parece que deu certo.
1 – As escolas da aldeia vão até o ensino médio, mas há um grande abismo que ainda separa os índios da universidade. Mesmo com o acesso diferenciado, a bolsa de estudos da Funai demora 3 meses para cair, e os índios não podem se sustentar nas faculdades de tempo integral durante esse tempo, com despesas de moradia e alimentação. Até há um fundo para estas despesas, mas eles correspondem a somente 10% da necessidade dos índios.
- Pombas, já que o índio vai receber a grana retroativa, porque não conceder um empréstimo para quem comprovar que passou no vestibular e recebeu a bolsa da Funai? Seria um empréstimo de apenas 3 meses e com baixíssima taxa de inadimplência, afinal eles têm uma grana certa pra receber, além do que já é provado que a inadimplência diminui conforme o poder aquisitivo diminui também.
A prefeita me disse que pode ser feita uma parceria com a Fundação Bradesco, e o fato da ausência de custos facilitaria a aprovação do projeto. Liguei para o Diretor da escola da aldeia para passar as instruções e cobrar os resultados. Agora é com ele.
2- Os índios receberam tratores e sementes para o plantio, mas desconhecem as melhores técnicas para lidar com a terra, por isso as plantações raramente vingam.
- Me reuni com o secretário de agricultura, dizendo que eles perderiam dinheiro sucessivamente enquanto não mostrasse ao índio as melhores práticas de plantio. Basta mandar para as tribos um profissional da Embrapa para estudar a terra e passar o conhecimento aos índios. Caramba, isso não tem custo algum!!
O secretário assinou um documento se comprometendo a mandar um técnico da Embrapa ao local. Agora o cacique que cuide para fazer com que a promessa se cumpra.
3 – Distância cultural entre brancos e índios.
- Imaginem comigo: Se eu, que fiquei 2 horas conversando com as pessoas da cidade, já ouvi diversos preconceitos que não procediam com a realidade que vi com meus olhos, imaginem como cresce uma criança por lá? Quando indaguei para a prefeita sobre a ausência de trabalhos de integração de culturas, ela me disse que sempre fazia feiras de artesanato e que uma vez até havia mandado as crianças para fazer cerâmica com os índios.
Contive a raiva e disse apenas que assim o problema de integração só aumentaria, pois assim todo mundo vai associas o índio somente a arte e etc, quando eles tem muito mais a oferecer! Se fosse mandado um ônibus da escola para a tribo, as crianças poderiam passar o dia com as crianças da tribo e ouvir o povo de lá. Após isso, não me interessa se as crianças vão ter uma impressão boa ou ruim dos índios. Apenas quero que eles formem opinião com o que eles vêem, como eu fiz.
Fiquei feliz pela possibilidade de ajudar de alguma forma esse povo que me acolheu tão bem! Vou ligar para o cacique ao final da minha viagem para ver se minhas idéias deram algum fruto.
2 comentários:
Ricardo,
Sua aventura é fantástica, eu próprio gostaria de ter feito ou quem sabe ainda vir a fazer algo semelhante.
Sou amigo de infância de sua mão e pai do Erik e do Bernardo, gostaria tb que eles viessem a se proporcionar uma experiência como a sua.
A iniciativa que vc teve em relação aos índios tb foi especial, falta isso nesse nosso Brasil, idéias simples, coragem política e iniciativas como estas.
Parabéns
Marcos
E ai cara pelo que vejo temos muitas coisas en comun,nao sei onde vc pode estar agora mas deve estar orgulhoso por ter chegado ate ai.olha nao conheço vc mas te achei porque estava procurando uma rota para chegar ate uma aldeia eu sou do sul e cansei da vida aqui tenho casa caro moto tenho tudo mas nao quero mais iso to largANDO TUDO E DENTRO DE POUCOS DIAS ESTAREI PARTINDO PARA QUALQUER ALDEIA QUE ME ACOLHA GOSTARIA DE PODER COMVERSAR COM VC ANTES D PARTIR TEMOS AMESMA IDADE MESMO SIQUINO SOMOS PARESIDO ATE NA APARENSIA E NAS IDEIAS SO QUE EU VOU PARA NAO VOLTAR MEU DESTINO SERA XINGU ALDEIA VOU DE ONIBOS ATE ONDE DER DE BARCO SE DER E DEPOIS E POR CONTA PROPRIA TENHO ESPERIENSI EN SOBREVIVENSI NA MATA E TENHO SERTEZA E FE NO QUE QUERO.OLHA SE VC LER ESA MENSAJEN E TIVER ENTERESE EN FASER UMA AVENTURA DESA ME COMTATE O MAIS BREVE POIS EU ESTAREI POR PUCO TEMPO AQUI ENTAO SE QUISER ME LIQUE E OJEITO MAIS RAPIDO DE FALAR MOS MEU FONE E 04991119361 MSN VALTERTROIAN@HOTMAIL.COM SE NAO NOS FALARMOS QUERO TE DESEJAR MUITA SORTE EDISER NUMCA DESISTA Da vida POIS ELA NUMCA DESISTE DE VC VALEU UM FORTE ABRAÇO TUDO DE BOM PARA VC VALEUUUUUUUUUUUUUUUUU
Postar um comentário