domingo, 16 de setembro de 2007

Bolívia - Primeiras impressões

Bolívia, Porto Suares, 11 de setembro de 2007.

Como todos disseram que a estrada até Santa Cruz da Serra é impedalável, com alguns ciclistas me desaconselhando a pedalar no trajeto, resolvi pegar o famoso “trem da morte”. Aliás, o trem que tinha na hora não tinha nada de “da morte”! Tinha ar condicionado, muitos seguranças, serviço de bordo e até filminho do Chuck Norris passando na TV! .Vocês não imaginam como é divertido ver Bradock dublado em castelhano!!!rs

Fora isso, começo a ficar preocupado com o que me aguarda quanto ao povo boliviano. Espero estar enganado, mas tive hoje amostras de muito pouca hospitalidade aqui por essas bandas.

Para quem se acostumou com a hospitalidade brasileira, foi um choque inicial ver como os bolivianos tratam viajantes como eu. Primeiramente, todo mundo tenta me enrolar por qualquer motivo pra tentar arrumar alguma grana, mal sabendo que viajo sin una plata!rs. Pra se ter uma idéia, houve um momento em que eu precisava subir com a Capitu cheia de peso por algumas escadas, quando um boliviano “muito gentil” me disse:
- Amigo, deixa que eu ajudo a carregar!
- Se puder, agradeço muitíssimo, mas você vai me cobrar por isso? - Perguntei
- São cinco bolivianos!

Após ouvir que eu não tinha dinheiro, a simpatia do rapaz agora era uma cara fechada, que se virava sem dizer nada.

Percebo também que talvez não haja tanta prestatividade por aqui, como algo cultural mesmo pelo visto. Quando eu estava na fila do trem, com toda a bagagem da Capitu nas costas e com as duas mãos ocupadas, pedi ajuda a ma pessoa da fila quando uma sacola minha caiu no chão. O rapaz fechou a cara e olhou para o outro lado (pelo menos não resolveu me cobrar), quando fiquei pasmo e repeti o pedido, quando ele de cara fechadíssima pegou a bolsa do chão. Realmente para mim isso foi um choque cultural muito grande, pois isso no Brasil é algo mais do que natural e nem se precisaria pedir normalmente. De toda forma, me serve de aprendizado ver que o que para mim é natural nem sempre se aplica ao outro também, vice e versa.