Engraçado, antes eu estava encarando o Brasil apenas como um meio caminho até chegar aos outros países da América do Sul, e hoje aproveito cada palmo aqui por essas bandas, chegando a recusar caronas, dizendo que vou perder muito Brasil se fizer isso. Cruzo agora a entre SP e MS, me perguntando dos novos desafios e das novas pessoas que conhecerei, esperando ser tão bem acolhido como fui até agora.
Como é grande esse Brasil! Todo mundo imagina isso, mas ver com os próprios olhos é outra história.
Mato Grosso do Sul, Bataguaçu – 28 de agosto de 2007.
Nestes primeiros 100 km de MS, posso dizer que é como se eu entrasse em um país completamente diferente, e olha que ainda falta o Pantanal.
Quanta variedade de aves! Verdes, vermelhas, azuis, roxas, coloridas araras, pica-paus, papagaios, gaviões e outras que nem sei nomear ainda. Engraçado, mas antes eu olhava procurava uma gaiola quando ouvia barulho de pássaros, mas hoje olho para o céu. Definitivamente estes bichos ficam muito mais bonitos quando estão livres.
As estradas ficam piores e mais desertas ainda, e olha que já me avisaram que isso vai piorar mais e mais. Chegava a pedalar por 80 km sem ver qualquer ser bípede ou algum lugar para beber água.
Quanto aos latifúndios, digamos que podem ser um capitulo a parte. Existem terras com 60 km quadrados! Caramba, isso deve ter o tamanho de muitas cidades! Sem contar que aqui quem manda são os latifundiários, só o governador do MS possui 240 mil hectares (cada hectare mede 100 metros quadrados) de terras. Normalmente estas terras são usadas simplesmente para pastagem de gado. O detalhe é que cada vaca precisa de 1 hectare, o que equivale a uma casa pequena no Rio de janeiro. Começo a ver mais atentamente o que o nosso hábito de comer carne exige...
Vejo agora mais nitidamente a vital necessidade da tal da reforma agrária que eu mal ouvi falar na escola. Vi alguns acampamentos de sem-terras, e sinto um clima freqüente de estopim no ar... Parece que a qualquer instante haverá conflitos por aqui. Antes de sair dessas terras, vou tentar dormir num acampamento de sem-terras, para saber dessa história de reforma agrária pelo lado de quem precisa da terra, cuja voz eu jamais ouvi na TV.
domingo, 9 de setembro de 2007
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Um comentário:
Ricardo li a materia na Folha e anexei seu blog nos meus favoritos.
Torço que corra tudo bem com voce e consiga cumprir seu roteiro da maneira que planejou.
Vai uma pequena correçao: um hectare de terras equivale a 10.000 m2 e nao 100 m2 como esta na sua postagem de 28/08/07.
Abraço e saude,
Luiz Roberto
Campo Grande/MS
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