Em Uyuni, havia conhecido uma adorável Suíça chamada Jeanine. Na ocasião não ocorreu absolutamente nada, mas depois de muitos papos nos meses seguintes, resolvemos nos encontrar em La Paz. Sempre disse que não falaria de mulheres no blog, mas tudo foi marcante demais para que eu deixe isso em branco.
Como agora trabalho para o Governo, pedi para a secretária ligar para um dos melhores hotéis da cidade e dizer, na maior cara de pau: “Olha, está chegando do Brasil nosso Especialista de Marketing pra prestar serviço ao Ministério de Turismo. Ele vem com sua esposa da Suíça, por isso quer a melhor suíte de vocês. Qual é o desconto que pode ser feito?” Conseguiram para nós uma suíte imensa e cheia de regalias, pagando quase o mesmo que em meu humilde hotel de mochileiros. A recepcionista estranhou ao ver que o especialista em questão mal tinha barba na cara e ainda não havia saído das fraldas, mas no final das contas acreditou em nós de boa, eu acho.
No começo é difícil pensar em compartilhar a vida com alguém de novo, ainda mais depois que se acostuma a fazer tudo sozinho, mas aos poucos redescobri como é bom ter alguém especial do nosso lado. Um dia cheguei muito estressado do trabalho, cuspindo marimbondo e reclamando de tudo, quando chega Jeanine com aquele olhar sutil e intenso que poucas mulheres sabem fazer, se aninha no meu peito com um singelo abraço e diz “Calma, Ricardo...Vamos resolver isso juntos...”. E eis que o panaca aqui simplesmente se derrete, substituindo a cara amarrada por uma inexplicável paz interior. Sempre gostei de resolver tudo sozinho, mas aprendi que tudo pode ser bem mais fácil com coisas muito mais simples, como um abraço.
O complicado é que ela ficaria em La Paz apenas por 6 dias. É como se você fosse ao médico e descobrisse que tinha 1 semana de vida, e por isso aproveita tudo com mais intensidade, não sei se dá pra entender. Vivemos dias muito felizes, sem fazer absolutamente nada de tão especial, apenas vivendo um ao outro. Nos apaixonamos perdidamente, como se por esse breves dias a vida fosse mais simples e fossemos muito fortes, pois agora tínhamos um ao outro.
O grande problema de ser um viajante é que tudo sempre é obrigatoriamente passageiro, incluindo eu mesmo. Os dias passavam e aos poucos nos dávamos conta de que em breve nos separaríamos, para quem sabe nunca mais nos vermos. Ela em breve voltaria para seu país e eu por outro lado não desistiria de meu sonho. Sempre batia no fundo aquela sensação antecipada de despedida, e nenhum abraço era suficientemente forte pra fazer com que o outro não se vá, nenhuma palavra poderia ser dita mais do que no presente ou no pretérito. Se ambos queriam ficar juntos, é bem complicado perguntar porquê tudo tem que funcionar assim. O que passa é que o mundo é muito grande e a vida segue por rumos muito distintos, por isso às vezes simplesmente nos vemos sem muita escolha. Me preparei demais para ter um físico de atleta e um coração de aventureiro, mas os maiores obstáculos da viagem sempre chegam por onde eu menos espero...
Dá pra imaginar como foi o dia da despedida...Lágrimas soltas, abraços infindáveis, beijos emocionados. Quando Jeanine entrou na área do Aeroporto proibida para visitantes, via lentamente seus passos indo pra longe, provavelmente em definitivo. Quando já havia entrado, ela pede ao policial pra voltar até onde eu estava, só pra um último contato. Foi difícil reviver a sensação do último beijo, cheio de lágrimas...Tá, podem dizer que a cena soa como filme Holiwodiano barato, mas algumas coisas simplesmente acontecem sem que a gente pense direito nelas.
Depois da despedida, saí arrasado do aeroporto e entrei no táxi, chorando feito um bebê. Inicialmente o taxista tentou manter a naturalidade e perguntar polidamente para onde eu ia. Respondi gaguejando o meu destino, sem conseguir parar de chorar. Ao ver a cena, ele não se conteve e começou a gargalhar igualmente sem controle, dizendo “desse tamanhão e fica chorando que nem criança, que marica!”. Pois é, digamos que normalmente os bolivianos não são exatamente lordes ingleses...rs No final das contas acabei rindo também durante a viagem toda, e nos divertimos com a situação.
Bom, vou por aqui tentando me reacostumar com minha vida solitária, que por fim eu amo e por isso sei que será mais fácil do que imagino agora. Parto dois corações, um deles sendo o meu, mas em troca ganho a América e seus encantáveis desafios. Por breves segundos de fraqueza me questiono: Uma grande namorada no Brasil, amigos, família, um grande emprego em Nova York, uma paixão arrasadora.... Quantas coisas mais vão testar minha força de vontade? Quantas peças inesperadas aparecerão no caminho?
Sei lá, que venham mais desafios e mais experiências emocionantes. Segui viagem exatamente para isso.
Como agora trabalho para o Governo, pedi para a secretária ligar para um dos melhores hotéis da cidade e dizer, na maior cara de pau: “Olha, está chegando do Brasil nosso Especialista de Marketing pra prestar serviço ao Ministério de Turismo. Ele vem com sua esposa da Suíça, por isso quer a melhor suíte de vocês. Qual é o desconto que pode ser feito?” Conseguiram para nós uma suíte imensa e cheia de regalias, pagando quase o mesmo que em meu humilde hotel de mochileiros. A recepcionista estranhou ao ver que o especialista em questão mal tinha barba na cara e ainda não havia saído das fraldas, mas no final das contas acreditou em nós de boa, eu acho.
No começo é difícil pensar em compartilhar a vida com alguém de novo, ainda mais depois que se acostuma a fazer tudo sozinho, mas aos poucos redescobri como é bom ter alguém especial do nosso lado. Um dia cheguei muito estressado do trabalho, cuspindo marimbondo e reclamando de tudo, quando chega Jeanine com aquele olhar sutil e intenso que poucas mulheres sabem fazer, se aninha no meu peito com um singelo abraço e diz “Calma, Ricardo...Vamos resolver isso juntos...”. E eis que o panaca aqui simplesmente se derrete, substituindo a cara amarrada por uma inexplicável paz interior. Sempre gostei de resolver tudo sozinho, mas aprendi que tudo pode ser bem mais fácil com coisas muito mais simples, como um abraço.
O complicado é que ela ficaria em La Paz apenas por 6 dias. É como se você fosse ao médico e descobrisse que tinha 1 semana de vida, e por isso aproveita tudo com mais intensidade, não sei se dá pra entender. Vivemos dias muito felizes, sem fazer absolutamente nada de tão especial, apenas vivendo um ao outro. Nos apaixonamos perdidamente, como se por esse breves dias a vida fosse mais simples e fossemos muito fortes, pois agora tínhamos um ao outro.
O grande problema de ser um viajante é que tudo sempre é obrigatoriamente passageiro, incluindo eu mesmo. Os dias passavam e aos poucos nos dávamos conta de que em breve nos separaríamos, para quem sabe nunca mais nos vermos. Ela em breve voltaria para seu país e eu por outro lado não desistiria de meu sonho. Sempre batia no fundo aquela sensação antecipada de despedida, e nenhum abraço era suficientemente forte pra fazer com que o outro não se vá, nenhuma palavra poderia ser dita mais do que no presente ou no pretérito. Se ambos queriam ficar juntos, é bem complicado perguntar porquê tudo tem que funcionar assim. O que passa é que o mundo é muito grande e a vida segue por rumos muito distintos, por isso às vezes simplesmente nos vemos sem muita escolha. Me preparei demais para ter um físico de atleta e um coração de aventureiro, mas os maiores obstáculos da viagem sempre chegam por onde eu menos espero...
Dá pra imaginar como foi o dia da despedida...Lágrimas soltas, abraços infindáveis, beijos emocionados. Quando Jeanine entrou na área do Aeroporto proibida para visitantes, via lentamente seus passos indo pra longe, provavelmente em definitivo. Quando já havia entrado, ela pede ao policial pra voltar até onde eu estava, só pra um último contato. Foi difícil reviver a sensação do último beijo, cheio de lágrimas...Tá, podem dizer que a cena soa como filme Holiwodiano barato, mas algumas coisas simplesmente acontecem sem que a gente pense direito nelas.
Depois da despedida, saí arrasado do aeroporto e entrei no táxi, chorando feito um bebê. Inicialmente o taxista tentou manter a naturalidade e perguntar polidamente para onde eu ia. Respondi gaguejando o meu destino, sem conseguir parar de chorar. Ao ver a cena, ele não se conteve e começou a gargalhar igualmente sem controle, dizendo “desse tamanhão e fica chorando que nem criança, que marica!”. Pois é, digamos que normalmente os bolivianos não são exatamente lordes ingleses...rs No final das contas acabei rindo também durante a viagem toda, e nos divertimos com a situação.
Bom, vou por aqui tentando me reacostumar com minha vida solitária, que por fim eu amo e por isso sei que será mais fácil do que imagino agora. Parto dois corações, um deles sendo o meu, mas em troca ganho a América e seus encantáveis desafios. Por breves segundos de fraqueza me questiono: Uma grande namorada no Brasil, amigos, família, um grande emprego em Nova York, uma paixão arrasadora.... Quantas coisas mais vão testar minha força de vontade? Quantas peças inesperadas aparecerão no caminho?
Sei lá, que venham mais desafios e mais experiências emocionantes. Segui viagem exatamente para isso.