Depois da heróica ajuda dos indios eu pude finalmente seguir viagem, desta vez pelo caminho correto. Como escureceria em mais ou menos 20 minutos, não me restava outra opção senão buscar algum abrigo para a fria noite que chegava, com o agravante de que eu estava sem barraca para acampar.
Sentia muito frio, fome e cansaço, mas esquecia tudo isso ao ver a lua cheia que por sobre a neblina iluminava as gigantes montanhas pelo caminho, dando um tom sobrenatural a tudo. De tão forte que estava o luar, nem mesmo acendi os faróis da Capitu, embora com ambas as luzes a neblina me impedisse de enxergar um palmo a frente de meus olhos. Mas enfim, pouco importava, pois jamais havia visto algo do tipo em toda a minha vida.
Quando o frio já deixava meu corpo ligeiramente dormente, sem que com isso avistasse qualquer coisa semelhante a um bípede pelo caminho, vi dois pares de luzes bem distantes, que vinham de um lugar bem alto. Já meio inconsiente, pensei por meio segundo que se tratava de um disco voador, mas obviamente isso durou apenas meio segundo (fala sério! rs). Eram as luzes de um posto de gasolina, por onde avistava finalmente um par de pessoas que quem sabe poderiam me oferecer abrigo. Já me acostumei com a cara de espanto das pessoas nestes momentos inusitados, com aquele olhar de “que diabos esse cara tá fazendo aqui?”, sabendo que a neblina, meu estado deplorável e a noite fria conferiam a mim um aspecto meio fantasmagórico. Por tudo isso, não poderia esperar inicialmente muita hospitalidade, mas isso foi somente no início. Depois de explicar todas as emocionantes aventuras do dia, o dono do posto topou deixar eu dormir por lá, com direito a sopa quentinha, que foi uma das melhores que tomei em toda a vida. Foi uma das melhores refeições que já fiz, pois enquanto a sopa quente descia garganta abaixo, ia sentindo novamente cada parte do meu corpo já dormente pelo frio.
Depois de acordar totalmente recomposto, me despedi e segui em frente rumo a Coroico, desta vez com tempo bom. Finalmente cheguei à temida “Carretera de la muerte”, que tem o acolhedor nome por ser considerada a estrada mais perigosa do mundo, e não é muito difícil de entender porque: De um lado se vê uma grande montanha, de outro um gigante abismo cheio de pedras ao final. No meio disso estava a estrada onde eu passava, extremamente estreita e cheia de barro e pedra. Como se não fosse suficiente, uma série de quedas d’água molhavam a estrada e deixavam tudo muito mais perigoso. Esta estrada tem a fama de não ter deixado ferido algum em seu leito, já que 100% dos acidentes ocorridos resultaram em morte, e as cruzes que eu via a cada quilômetro me faziam lembrar disso. Como normalmente ocorre em toda a Bolívia, sempre penso que “Tá frio, é perigoso, é difícil que só...mas caramba, como é bonito!”. Tudo o que a Bolivia te toma devido ao esforço assombroso que exige, te dá em dobro em forma de natureza ou gente simples e acolhedora.
Ao final da tarde eu já havia chegado em Coroico, mas isso já não era tão importante assim. Em viagens como esta, mais portante do que o destino final é o caminho que se faz para chegar até ele.
Sentia muito frio, fome e cansaço, mas esquecia tudo isso ao ver a lua cheia que por sobre a neblina iluminava as gigantes montanhas pelo caminho, dando um tom sobrenatural a tudo. De tão forte que estava o luar, nem mesmo acendi os faróis da Capitu, embora com ambas as luzes a neblina me impedisse de enxergar um palmo a frente de meus olhos. Mas enfim, pouco importava, pois jamais havia visto algo do tipo em toda a minha vida.
Quando o frio já deixava meu corpo ligeiramente dormente, sem que com isso avistasse qualquer coisa semelhante a um bípede pelo caminho, vi dois pares de luzes bem distantes, que vinham de um lugar bem alto. Já meio inconsiente, pensei por meio segundo que se tratava de um disco voador, mas obviamente isso durou apenas meio segundo (fala sério! rs). Eram as luzes de um posto de gasolina, por onde avistava finalmente um par de pessoas que quem sabe poderiam me oferecer abrigo. Já me acostumei com a cara de espanto das pessoas nestes momentos inusitados, com aquele olhar de “que diabos esse cara tá fazendo aqui?”, sabendo que a neblina, meu estado deplorável e a noite fria conferiam a mim um aspecto meio fantasmagórico. Por tudo isso, não poderia esperar inicialmente muita hospitalidade, mas isso foi somente no início. Depois de explicar todas as emocionantes aventuras do dia, o dono do posto topou deixar eu dormir por lá, com direito a sopa quentinha, que foi uma das melhores que tomei em toda a vida. Foi uma das melhores refeições que já fiz, pois enquanto a sopa quente descia garganta abaixo, ia sentindo novamente cada parte do meu corpo já dormente pelo frio.
Depois de acordar totalmente recomposto, me despedi e segui em frente rumo a Coroico, desta vez com tempo bom. Finalmente cheguei à temida “Carretera de la muerte”, que tem o acolhedor nome por ser considerada a estrada mais perigosa do mundo, e não é muito difícil de entender porque: De um lado se vê uma grande montanha, de outro um gigante abismo cheio de pedras ao final. No meio disso estava a estrada onde eu passava, extremamente estreita e cheia de barro e pedra. Como se não fosse suficiente, uma série de quedas d’água molhavam a estrada e deixavam tudo muito mais perigoso. Esta estrada tem a fama de não ter deixado ferido algum em seu leito, já que 100% dos acidentes ocorridos resultaram em morte, e as cruzes que eu via a cada quilômetro me faziam lembrar disso. Como normalmente ocorre em toda a Bolívia, sempre penso que “Tá frio, é perigoso, é difícil que só...mas caramba, como é bonito!”. Tudo o que a Bolivia te toma devido ao esforço assombroso que exige, te dá em dobro em forma de natureza ou gente simples e acolhedora.
Ao final da tarde eu já havia chegado em Coroico, mas isso já não era tão importante assim. Em viagens como esta, mais portante do que o destino final é o caminho que se faz para chegar até ele.